Com captação no mercado acionário, companhias investem em várias regiões.
Investidores da Austrália, dos EUA e da Argentina aplicam no país; consultor diz que recuperar pastagem degradada pode gerar lucro.
O mesmo diagnóstico move duas empresas que participam do Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo. A demanda mundial por alimentos e biocombustíveis tende a se manter sólida - mesmo que os EUA entrem em recessão, puxada pelos emergentes asiáticos e pelo crescimento russo.
Desde o IPO (oferta inicial de ações) em junho do ano passado, a SLC Agrícola investiu R$88 milhões em quatro propriedades rurais, diz Laurence Gomes, diretor financeiro e de relações com investidores. O grupo, com sede em Porto Alegre (RS), tem 165 mil hectares em nove fazendas, com gestão padronizada, em cinco Estados - GO, MS, MT, BA e MA.
O foco está na produção de soja, milho e algodão. "Desenvolvemos novas unidades, sempre com diversificação geográfica para minimizar riscos climáticos", diz Gomes. A empresa conta com departamento voltado para a busca e a avaliação de terras.
A BrasilAgro surgiu em 2005 para explorar oportunidades no mercado imobiliário agrícola brasileiro, diz Ivan Alves da Cunha, principal executivo da companhia. No ano passado, a empresa investiu R$ 155 milhões na aquisição de cinco fazendas. Ao todo, o grupo dispõe de 143.683 hectares em oito propriedades, espalhadas por seis Estados - MG, GO, MS, MT, BA e PI. De toda a área, 125 mil estão cultivados com grãos, algodão, cana e pastagens.
"Continuamos avaliando as oportunidades", diz Cunha. Os acionistas fundadores da Brasil Agro são a Cresud, a Tarpon e a Cape Town. A Cresud está há 20 anos nesse ramo na Argentina, onde explora por volta de 600 mil hectares. A Tarpon Investimentos é uma empresa de administração de recursos independente. A Cape Town pertence a Elie Horn, presidente da Cyrela Brazil Realty, que atua no ramo imobiliário.
Representantes de outros grandes grupos evitaram dar entrevista por estarem em fase de aquisição. "Se sair no jornal as regiões em que pretendemos investir, no dia seguinte, haverá ágio em qualquer negociação", diz um deles, que gerencia a área técnica do projeto pecuário de uma companhia da América do Norte.
Estrangeiros
O investimento estrangeiro em terras no país se acentuou a partir do começo de 2006. Alguns dos projetos se concretizam por meio de parcerias com empresas brasileiras. A Céleres Consultoria tem assessorado investidores dos EUA, da Austrália e da Argentina. Não revela quem são pela cláusula de confidencialidade prevista em contrato, diz João Beltrame, um dos sócios da empresa.
"O Brasil é um país de oportunidades. É possível comprar a terra, explorá-la e esperar a valorização", diz
Alcides de Moura Torres Junior, diretor da
Scot Consultoria. Para
Torres, toda a região Norte (excluída a Amazônia) e áreas com pastagens degradadas (desvalorizadas atualmente) têm mais chance de propiciar lucro a quem se dispuser a amadurecer o investimento por um período longo, de 10 a 15 anos.
Fonte:
Folha de S. Paulo. Dinheiro. Por Gitânio Fortes. 10 de fevereiro de 2008.
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